A boa organização e direcção de uma fábrica de móveis requer da pessoa incumbida dessa árdua empresa: conhecimentos vastos, tacto e tino administrativo; pois implica uma série de coisas, como sejam:
a) Localização das máquinas. — Se a distribuição não foi bem feita, pode um operador atrapalhar o trabalho de outro, ser o espaço insuficiente em redor da tupia, da plaina, etc, como pode a luz ficar ao contrário.
b) Zelo e conservação das mesmas. — As máquinas constantemente lubrificadas desgastam-se menos e produzem mais. Qualquer avaria deve ser reparada rapidamente, para não prejudicar a boa marcha do serviço.
c) Dispositivos de proteção. — As máquinas, cujas correias, polias, eixos e mancais ameaçam constantemente os operários, não só desacreditam a fábrica pelos acidentes que podem causar, como fazem perder tempo, limitando a liberdade de quem delas se acerca.
d) Distribuição dos bancos. — A falta de espaço suficiente entre os bancos para a montagem das peças, retarda e encarece a produção.
e) O piso, a luz e o ar. — São três factores que contribuem para a saúde e bem-estar do operário, pois permitem melhor visibilidade, melhor estabilidade dos móveis em construção e melhor limpeza.
f) O ferramental. — Uma grande quantidade de grampos, sargentos e vários frascos de cola deve existir numa oficina que se diz bem organizada; caso contrário os marceneiros passarão grande parte do tempo a olhar um para o outro, sem poder avançar o serviço.
g) O caldeira e a cola. — São duas coisas de elevada importância, porém tratadas com descaso na maioria das oficinas, motivando incêndios, além de opor mil dificuldades ao aquecimento da cola.
h) Madeira seca. — Será sempre péssima a reputação de uma fábrica que não possui stock permanente de madeira seca. Além disso, quanto não custa o remendo de uma peça que cedeu?
i) Conservação das madeiras. — Ninguém pode calcular o prejuízo que o desleixo dessa parte acarreta à indústria. A madeira mal conservada fermenta, apodrece, racha, empena, tornando-se imprópria para obras.
j) Aproveitamento da madeira. — Torna-se dispendioso o mestre que não sabe aproveitar as madeiras, desde os retalhos até a maior peça. Os retalhos devem ter o seu lugar reservado e não ficar espalhados pela oficina, tomando lugar e atrapalhando os de tamanho real. O corte racional das peças deve ser o seguinte:
1) Tirar dos retalhos, cuja cor combine, as peças de menor tamanho necessário;
2) Ao cortar as tábuas e pranchas, começar pelas peças maiores as cortar;
3) Examinar a madeira nas duas faces, antes de cortá-la;
4) Se há fendas nas pontas, não se corta o pedaço do comprimento da fenda para deitar fora, mas do tamanho que sirva para travessas de cadeira ou outro tipo de mobiliário que se ajuste.
2) Ao cortar as tábuas e pranchas, começar pelas peças maiores as cortar;
3) Examinar a madeira nas duas faces, antes de cortá-la;
4) Se há fendas nas pontas, não se corta o pedaço do comprimento da fenda para deitar fora, mas do tamanho que sirva para travessas de cadeira ou outro tipo de mobiliário que se ajuste.
l) Remoção dos restos. — O mestre deve providenciar diariamente a remoção dos cavacos, da serragem e das fitas, para tornar a oficina mais desimpedida, mais saudável e atraente, e menos sujeita a incêndios.
m) Plantas. — Para todo os trabalho deve existir fazer sempre uma planta, para que se poupe tempo e os dissabores das surpresas.
n) Distribuição de serviço. — O mestre, que deve conhecer a habilidade de cada operário, procura distribuir as várias espécies de serviço com acerto, para evitar que haja incompatibilidade entre o obreiro e a obra.
o) Socialização com os operários. — Não há quem não goste de ser tratado de forma humana, como gente e não como coisa. Daí a necessidade de ser um mestre justo, ponderado, comedido, sabendo evitar atritos e ressentimentos entre os os seus funcionários.
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